As desigualdades raciais
presentes em nossa sociedade são também observadas nos indicadores
educacionais. Embora o Brasil venha registrando avanços em relação ao acesso e
diminuindo a diferença na proporção de matrículas entre negros e brancos, o
mesmo não se verifica em termos de aprendizagem. Estudantes negros ainda apresentam
desempenho inferior nas avaliações de proficiência em Língua Portuguesa e
Matemática em comparação aos alunos brancos.
Essa
disparidade no aprendizado tem se mantido ao longo dos anos, com um agravante:
apesar de representarem 54% da população, negros (aqui incluindo todos os que
se autodeclararam pretos ou pardos ao IBGE) são 75% entre os 10% mais pobres do
país, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2015.
Estando desproporcionalmente mais representados entre os mais pobres, é também
maior a probabilidade de estarem fora da escola ou matriculados em
estabelecimentos com piores condições de infraestrutura e de trabalho do corpo
docente, conforme mostra recente pesquisa feita pela Fundação Lemann.
A boa
notícia é que o índice de evasão escolar está em declínio, mas a distância
entre os percentuais de jovens brancos e negros fora da escola pouco tem
diminuído. (...)
Gestores escolares têm papel
fundamental nas mudanças que precisam acontecer para combater as desigualdades
educacionais presentes no interior de cada escola. Trazer essa reflexão
coletiva do quanto preconceitos ou mesmo atos por vezes involuntários podem
estar limitando o potencial de determinados grupos pode ser um primeiro passo
em busca de um compromisso por mais equidade. O desenvolvimento de ações
relacionadas à valorização da diversidade racial é também essencial, combatendo
o preconceito, a discriminação e o seu impacto negativo sobre o aprendizado e
bem-estar dos alunos.
Desde a aprovação da Lei 10.639, em 2003, que tornou obrigatório o ensino da
história e cultura afrobrasileiras, a temática racial vem sendo incorporada ao
currículo das escolas públicas do país, contribuindo para o enfrentamento do
racismo e para o fortalecimento da identidade negra. A lei também abre espaço
para que a questão racial seja debatida entre professores, coordenadores pedagógicos
e diretores.
A lei 10.639 também fomenta uma
reflexão sobre igualdade racial e as relações interpessoais no espaço escolar,
não só entre estudantes como também entre alunos e docentes. Estimular esse
debate não só em sala de aula mas também nas HTPCs (horas de trabalho
pedagógico coletivo) é uma maneira de ampliar a discussão, identificar como o
corpo pedagógico vem lidando com o tema, detectar impasses e construir
estratégias e soluções conjuntas para possíveis problemas.
Nesse sentido, o cumprimento da
lei pode fomentar uma reflexão sobre igualdade racial e as relações
interpessoais no espaço escolar não só entre estudantes mas também entre alunos
e docentes. Possibilita ainda que a abordagem desses conteúdos relacionados à
contribuição dos povos africanos na constituição da sociedade brasileira se dê
de forma transversal e mais orgânica e não de forma estanque em uma ou outra
disciplina. (...)
Fonte:
Instituto Unibanco/Aprendizagem em Foco
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