“Eu sei quem eu sou e quem posso ser, se eu desejar”. Miguel de Cervantes

sábado, 15 de julho de 2017

Desigualdade racial precisa ser enfrentada também dentro da escola

As desigualdades raciais presentes em nossa sociedade são também observadas nos indicadores educacionais. Embora o Brasil venha registrando avanços em relação ao acesso e diminuindo a diferença na proporção de matrículas entre negros e brancos, o mesmo não se verifica em termos de aprendizagem. Estudantes negros ainda apresentam desempenho inferior nas avaliações de proficiência em Língua Portuguesa e Matemática em comparação aos alunos brancos.

Essa disparidade no aprendizado tem se mantido ao longo dos anos, com um agravante: apesar de representarem 54% da população, negros (aqui incluindo todos os que se autodeclararam pretos ou pardos ao IBGE) são 75% entre os 10% mais pobres do país, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2015. Estando desproporcionalmente mais representados entre os mais pobres, é também maior a probabilidade de estarem fora da escola ou matriculados em estabelecimentos com piores condições de infraestrutura e de trabalho do corpo docente, conforme mostra recente pesquisa feita pela Fundação Lemann.

A boa notícia é que o índice de evasão escolar está em declínio, mas a distância entre os percentuais de jovens brancos e negros fora da escola pouco tem diminuído. (...)

Gestores escolares têm papel fundamental nas mudanças que precisam acontecer para combater as desigualdades educacionais presentes no interior de cada escola. Trazer essa reflexão coletiva do quanto preconceitos ou mesmo atos por vezes involuntários podem estar limitando o potencial de determinados grupos pode ser um primeiro passo em busca de um compromisso por mais equidade. O desenvolvimento de ações relacionadas à valorização da diversidade racial é também essencial, combatendo o preconceito, a discriminação e o seu impacto negativo sobre o aprendizado e bem-estar dos alunos.

Desde a aprovação da Lei 10.639, em 2003, que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afrobrasileiras, a temática racial vem sendo incorporada ao currículo das escolas públicas do país, contribuindo para o enfrentamento do racismo e para o fortalecimento da identidade negra. A lei também abre espaço para que a questão racial seja debatida entre professores, coordenadores pedagógicos e diretores.

A lei 10.639 também fomenta uma reflexão sobre igualdade racial e as relações interpessoais no espaço escolar, não só entre estudantes como também entre alunos e docentes. Estimular esse debate não só em sala de aula mas também nas HTPCs (horas de trabalho pedagógico coletivo) é uma maneira de ampliar a discussão, identificar como o corpo pedagógico vem lidando com o tema, detectar impasses e construir estratégias e soluções conjuntas para possíveis problemas.

Nesse sentido, o cumprimento da lei pode fomentar uma reflexão sobre igualdade racial e as relações interpessoais no espaço escolar não só entre estudantes mas também entre alunos e docentes. Possibilita ainda que a abordagem desses conteúdos relacionados à contribuição dos povos africanos na constituição da sociedade brasileira se dê de forma transversal e mais orgânica e não de forma estanque em uma ou outra disciplina. (...)

Fonte: Instituto Unibanco/Aprendizagem em Foco

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